13 de janeiro de 2009

= LUCRANDO COM O TRANSTORNO ALHEIO

Viver em comunidade realmente não é fácil.

Quanto mais populosas e geograficamente extensas, mais suscetíveis aos aproveitadores estarão as cidades e seus habitantes.

Este risco deve ser gerenciado pela Administração Municipal e pela Câmara de Vereadores, cujos papéis, além de definir regras de convívio, incluem zelar pela ordem e qualidade de vida dos contribuintes, os quais, afinal de contas, exerceram seu voto com este interesse fundamental.

Mas, infelizmente, constatamos uma enormidade de fatos corriqueiros, antigos e que denotam a tranqüilidade e indiferença pelos transtornos que causam, mesmo à luz do dia.

Jamais conhecemos qualquer iniciativa contra alguns comportamentos inadequados, muito pelo contrário. Existem situações que parecem ter obtido apoio logístico da Administração Pública.

Então vejamos:

A distribuição do trânsito nas confluências da Via Morena com Av. Costa e Silva, construída de forma a favorecer o acesso a um hipermercado, mesmo havendo um sistema de retorno a menos de 200 metros.

É muito complicado o tráfego no local, por conta de uma conversão e um semáforo “estratégico” que poderia ser justificado pela saída do campus da Universidade Federal MS, a qual, efetivamente tem outros portões com vias mais adequadas e acesso ao viaduto.

No cruzamento da Rua do Gabinete com a Av. Manoel da Costa Lima, uma Empresa de Transportes utiliza a via pública como pátio de estacionamento, de manobras e até mesmo para carga e descarga.

Diariamente o transito é interrompido por horas a fio. A empresa não possui pátio interno e se dá o direito de, folgadamente apoderar-se do espaço público.

Quando não cabem mais veículos na Rua do Gabinete, estacionam os caminhões e carretas na Av. Manoel da Costa Lima, obstruindo a visão daqueles que queiram cruzar a via com segurança. Coincidentemente a imagem de satélite acima exposta flagrou um pouco do problema.


Outro supermercado existente na esquina da Rua 14 de Julho com a Av. Fernando Correa da Costa, manobra caminhões a qualquer hora ou dia, quando de suas operações de reabastecimento de mercadorias.

Não é rara a interrupção do trânsito, total ou parcial, numa das vias mais movimentadas do centro de Campo Grande.

Este mesmo supermercado possui uma hiper-estrutura na confluência da Rua Ceará com a Av. Mato Grosso, vende segurança e conforto para seus clientes por meio de um estacionamento amplo e hoje coberto, mas utiliza uma rua lateral como pátio de manobras e de operações outras, prejudicando os moradores e inclusive desvalorizando seus imóveis.

A imagem caracteriza a constatação.



Em sua loja localizada na Rua Rui Barbosa, bairro Monte Líbano, acontece o mesmo processo de ocupação do espaço de todos para uso particular.







Também existem reclamações antigas da população por conta do movimento de carretas nas cercanias de uma grande empresa
de materiais de construção, cuja fachada é para a Rua Treze de Maio, mas o transtorno ocorre na Rua Rui Barbosa.



Campo Grande está salpicada de problemas deste tipo, facilmente comprovadas.

Ora, já nos livramos dos trilhos, cuja empresa concessionária de transporte ferroviário estava no mesmo contexto, vez que em várias oportunidades presenciamos ambulâncias e veículos do Corpo de Bombeiros aguardando a passagem do comboio para prosseguir com salvamentos.

Bares e lanchonetes que ocupam o espaço das calçadas não estão isentas da mesma pecha.

Existe um “boteco“ na Rua XV de Novembro, quase no cruzamento com a Rua Treze de Maio, onde não têm sossego as mulheres e adolescentes, assim como qualquer veículo que estacione junto ao parquímetro acaba por “despejar” o passageiro em cima de mesas atulhadas de garrafas e ocupadas por elementos “curtidos”.

O que dizer da guias “rebaixadas”?

Lojas e escritórios oferecem estacionamentos exclusivos para seus clientes, até como diferencial, instaurando acesso em toda a extensão de sua unidade, justamente numa capital em que estacionamento público e espaço estão se tornando coisa rara.

Alegar que as drogarias são um serviço de emergência é subestimar a capacidade alheia, até porque farmacêutico não receita, não possui ambulatório nem centro cirúrgico. Então, qual a lógica dos estacionamentos exclusivos?

Postos de combustíveis não deveriam “abrir” todo o seu perímetro para acesso aos veículos, pois seria suficiente definir uma entrada e uma saída, distribuindo os clientes pelas bombas dentro do pátio. Isto aumentaria a capacidade de estacionamento de veículos e o trânsito seguro de pedestres.

Uma quantidade enorme de oficinas “guardam” veículos semi-desmontados em plena rua, à guisa de desocupar espaço dentro do estabelecimento.

Não é por acaso que o comportamento das pessoas tem apresentado uma tendência ao egoísmo, à cultura do “levar vantagem”. O exemplo vem de cima, regado fartamente pela verificação de que seu direito começa apenas quando acabar o dos mais espertos e mais municiados economicamente.

Dia destes foi publicada denúncia contra uma senhora que construiu um “quebra-molas” na divisa de “sua” calçada com a do vizinho, objetivando barrar o acumulo de folhas que lhe exigia varredura diária.

Outro caso conhecido, que está tal qual um monumento, ocorre defronte ao supermercado Extra, do outro lado da Rua Maracaju, exatamente numa região onde transitam pessoas deficientes visuais. A pessoa ainda teve o “cuidado” de pintar o obstáculo de amarelo e preto para chamar a atenção dos transeuntes ( mórbido)

E o caso de um proprietário de veículo branco, recém polido e estacionado na calçada, que colocou uma grande pedra na água empossada junto ao meio-fio, obrigando que outros veículos, desde que percebessem o obstáculo, fizessem um desvio com mais de dois metros e não jogassem água suja no seu precioso bem? O local é uma curva com intersecção em 45º à direita, exigindo atenção para o trânsito, situação em que, ou se percebiam a pedra ou os veículos vindos pela esquerda. Fácil de ocorrer uma tragédia, mas o bacana preferia ostentar e preservar sua jóia.

Volto a afirmar, como em artigos anteriores, que a administração deve ser para a maioria, para o cidadão comum, todavia com atitudes lógicas e que sirvam de exemplo de comportamento social, jamais colocando a população como inimiga passível apenas de punição.

Assim que as coisas começarem a acontecer e que o povo perceber mudança nas atenções e cuidados, será mais fácil educar com racionalidade, inclusive para outras questões, tais como o combate à dengue, coleta seletiva do lixo, preservação de praças, respeito à legislação do trânsito, poluição sonora, etc.

Então, Vereadores, sendo pela Câmara que tudo começa, vamos diminuir a quantidade de moções de congratulações, de concessão de títulos de cidadania e outras benesses de caráter individual e sair às ruas, lidar com o povo, conhecer realmente suas necessidades e dificuldades cotidianas.